//
Recentemente, a NASA (National Aeronautics and Space Administration) anunciou a descoberta de um novo sistema solar contendo sete planetas com tamanho e semelhanças com a Terra. A descoberta faz parte de uma pesquisa iniciada em 2016, por um grupo de pesquisadores belgas, da Universidade de Liège (projeto TRAPPIST), e que se estendeu em uma colaboração com a NASA. Os sete planetas estão orbitando uma estrela classificada como anã-vermelha, de nome Próxima Centauri, que seria a estrela mais próxima do Sistema Solar, estando a 40 anos-luz da Terra, o mesmo que 378 trilhões de km.
O professor do curso de Física da UCB, Claudio Manoel Gomes de Sousa, pós-doutor em Física pelo Dartmouth College (USA), com estágio no Departamento de Física e Astronomia da mesma instituição e experiência em pesquisas nas áreas de Relatividade, Gravitação, Cosmologia, Estrelas e Ondas Gravitacionais esclarece que essa é uma descoberta recorde de novos exoplanetas orbitando uma mesma estrela. “Os planetas que orbitam em torno do Sol nós já conhecemos: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Os exoplanetas são planetas que orbitam outras estrelas, que não o Sol, ou seja, estão fora do nosso sistema solar e são estudados desde 1940. Sempre houve a expectativa de que eles existissem, o problema é que é muito difícil detectá-los”, explica.
Segundo ele, os equipamentos que identificam e confirmam essas descobertas extra-solares são extremamente precisos e exigem longas observações para a certificação das pesquisas. “Os exoplanetas, para serem detectados a partir da Terra, são bem menores em brilho que suas estrelas mãe. Até por volta de 2006 uma das várias técnicas utilizadas, e que ainda estão em uso, consistia em verificar a existência de planetas pelo “puxão” que eles provocam na própria estrela. Por exemplo, o nosso Sol também oscila levemente devido à movimentação dos planetas em torno dele: é uma dança no Universo”, esclarece o prof. Claudio Manoel.
Esses sete planetas descobertos recentemente se somam ao crescente número de constatação nos últimos anos. Até 2006 eram cerca de 200 planetas descobertos, sendo os de detecção mais fácil do tamanho de Júpiter, aproximadamente. Hoje, há mais de 2.330 exoplanetas confirmados e esse número é atualizado diariamente, podendo ser conferido por qualquer pessoa na página da sonda espacial KEPLER da NASA, por meio do site: https://kepler.nasa.gov/. No site http://exoplanet.eu/catalog/ é possível acessar um catálogo mais completo que descreve mais de 3.500 exoplanetas e suas características.
Vida extraterrestre
A cada descoberta se mantém a dúvida da existência de vida fora da Terra. “Se existe a possibilidade de vida em outros planetas, seja do tipo unicelular ou multicelular, a exemplo dos organismos vivos que vemos na Terra, espera-se que ocorram em algum planeta similar ao nosso, com temperaturas nas quais a água esteja em seu estado líquido”, afirmou.
E a curiosidade também nos leva a refletir sobre a possibilidade de algum dia a humanidade chegar até lá. “Essa descoberta está a cerca de 40 anos-luz de distância, ou seja, a luz leva 40 anos viajando para chegar aqui. A Apollo levou 3 dias para chegar à Lua, enquanto a luz chega em 1,2 segundos. Isso é 0,00046% da velocidade da luz, o que nos tomaria cerca de 9 milhões de anos viajando no espaço até chegar lá onde estão esses sete planetas. A espaçonave mais rápida, a New Horizons, chegaria em 1 milhão de anos. Seriam gerações, uma após a outra, numa nave espacial viajando rumo ao desconhecido! Mas, cabe a reflexão”, conclui prof. Claudio Manoel.