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Universidade Católica de Brasília apresenta o Lab Metaverse UCB, laboratório tecnológico e filme em realidade virtual com o povo Yawanawá; iniciativa une inovação, espiritualidade e protagonismo indígena
Na manhã desta quinta-feira (15), a Universidade Católica de Brasília (UCB) realizou o lançamento oficial do projeto de pesquisa Lab Metaverse UCB: o futuro é ancestral, reunindo lideranças indígenas, autoridades, pesquisadores, estudantes e convidados no Campus Taguatinga. O evento marcou a estreia de um filme imersivo em realidade virtual 360º, produzido em parceria com a aldeia Mutum, do povo Yawanawá. O projeto conta com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Durante a cerimônia, os participantes experimentaram, por meio de óculos de realidade virtual, a imersão em uma narrativa que entrelaça espiritualidade, floresta e cultura ancestral. A obra é fruto de um trabalho coletivo que une linguagens digitais, saberes tradicionais e inovação tecnológica.
Segundo a coordenadora do projeto, professora Florence Dravet, o Lab Metaverse UCB nasce com o objetivo de construir pontes entre tradição e futuro, promovendo experiências acessíveis, lúdicas e profundamente significativas. Ela explicou que o projeto é muito maior do que um filme imersivo. “Esse projeto possui muitas camadas. E uma delas é o desenvolvimento de um trabalho pedagógico transversal com os alunos de todos os cursos da universidade. Nós já começamos a fazer isso em uma disciplina”, explicou.
O filme, um dos destaques do evento, foi dirigido em parceria com as lideranças indígenas locais e representa o primeiro passo de uma série de produções previstas pelo laboratório. Rafael Andreoni, diretor do filme, falou sobre a importância de projetos como esse para fazer com que a inteligência dos povos originários seja espalhada. “É uma grande honra ser um aprendiz desse povo também. A gente conhece esses cantos, essas histórias, um pouco dessa língua. E o que eu me proponho é fazer com o cinema, com a tecnologia que eu aprendi, a ajudar com que essas mensagens ancestrais cheguem às pessoas”, explicou.
Além do filme, o Lab Metaverse UCB apresentou ao público o espaço físico do laboratório, um ambiente sensorial e interativo voltado à pesquisa e desenvolvimento de experiências em metaverso, realidade aumentada, inteligência artificial generativa e outras tecnologias emergentes. A proposta é que o espaço funcione como uma plataforma de conexão entre a comunidade acadêmica e os saberes originários, fortalecendo a presença indígena no universo digital. ‘Queríamos reunir as mais inovadores tecnologias e os mais antigos saberes ancestrais em um só projeto de pesquisa e extensão. E que fosse um projeto de impacto social, cultural, científico e pedagógico. Já alcançamos muito impacto, primeiro ao trazer os representantes indígenas para a universidade para serem cocriadores conosco, tanto no filme quanto no metaverso, que está em fase de desenvolvimento’, afirmou Florence.
Os representantes da cultura indígena também participaram do evento. Rasu Yawanawá, grande liderança da Aldeia Mutum, no Acre, falou sobre a importância da tecnologia para manutenção dos saberes originários. “É uma forma de não perdermos essa lembrança dos nossos saberes, de compartilhar com as pessoas para que elas possam ver como a nossa forma de aprender é boa e sentir um pouco de como é viver a nossa casa”, disse Rasu.
Álvaro Tukano e seu filho Luvan Tukano também estiveram presentes. O líder político, ativista pelos direitos indígenas brasileira do povo Yepã Mahsã, falou sobre a importância de levar o que é o conhecimento indígena para mais pessoas. “Nós contamos nossas histórias, falamos sobre os espíritos das águas e das florestas. O que nós falamos não é folclore, é o que nós acreditamos e continuamos preservando o que muita gente não conhece”, explicou
Mais informações sobre o projeto estão disponíveis no site: labmetaverse.com.br e no Instagram @lab.metaverse.