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O Laboratório de Coleções Zoológicas do curso de Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília (UCB) é responsável pelo Monitoramento de Serpentes do Distrito Federal, projeto que tem como objetivo mapear os locais de ocorrência e de maior número de encontros, em qual período do ano há mais registros, as espécies mais encontradas, entre outros indicadores por meio da ciência cidadã, para, no futuro, elaborar estratégias de educação ambiental e conservação das espécies.
A professora do curso de Biologia da UCB e zoóloga Nathalie Citeli, explica que há duas grandes linhas no monitoramento do projeto: de indicador de qualidade ambiental e de saúde. “Monitorar as espécies de serpentes significa monitorar os indicadores de qualidade ambiental. Algumas espécies são muito exigentes e só vão ocorrer quando esse ambiente estiver bom, que significa estar bom para nós humanos também, como ter água limpa, ar mais puro e temperatura mais agradável”.
Em relação à saúde, o Ministério da Saúde considera algumas espécies com importância médica, ou seja, que podem causar acidentes graves em humanos. Por isso é importante ter dados sobre onde essas espécies estão com maior abundância e traçar estratégias para diminuir a chance de incidentes. “Isso nos ajuda a fazer um planejamento para a distribuição do soro antiofídico, usado para picada de cobras. Locais onde temos mais corais verdadeiras, jararacas e cascavéis, por exemplo, nos indica onde precisamos ter mais soros de cada uma dessas espécies”, complementa Nathalie.
Projeto colaborativo
Perto de completar um ano, os pesquisadores querem incentivar que mais cidadãos colaborem com o envio de registros. A Ciência Cidadã consiste na parceria entre amadores e cientistas na coleta de dados para a pesquisa científica. Dessa forma, qualquer pessoa em qualquer lugar pode submeter as suas informações por meio de aplicativos e celulares com acesso à internet. Essa colaboração voluntária possibilita registros sobre padrões ecológicos das espécies, novas ocorrências, tendências populacionais e monitoramento de alterações na paisagem e mudanças climáticas.
Os dados brutos utilizados no monitoramento realizado pelo projeto da Católica são enviados por cidadãos do DF. Também atuam como fonte alguns parceiros como o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), Batalhão de Polícia Militar Ambiental e Coleções Científicas.
Guias de identificação
Na página do Instagram @serpentesdodf é possível acompanhar a publicação periódica de pequenos guias sobre as espécies encontradas no DF. Cada post traz fotos bem nítidas e detalhes importantes a respeito da espécie destacada, como características morfológicas de porte, coloração, padrão de manchas e formato da cabeça, além de esclarecer se a serpente possui ou não veneno (peçonha) e se pode apresentar ameaça à população.
A equipe incentiva o envio de fotos e vídeos do animal, mas não aconselha de forma alguma o manejo de qualquer tipo de serpente, pelo risco ocasional de acidentes. A professora orienta que, ao encontrar uma serpente, a primeira etapa é sinalizar ao Batalhão de Polícia Ambiental ou Corpo de Bombeiros, que farão o manejo do animal. Se for possível, de forma segura, registrar a serpente, é só enviar para a equipe pelo perfil do Instagram @serpentesdodf.