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2025
jan
09
Saúde

Pesquisa inédita estuda saúde e bem-estar de pessoas LGBTQIA+

Estudo será realizado em Brasília (DF), João Pessoa (PB) e São Paulo (SP) com o objetivo de subsidiar a elaboração de políticas públicas voltadas LGBTs acima de 40 anos

Buscando investigar as condições de vida, saúde, bem-estar e participação social de pessoas idosas LGBTQIA+ residentes em Brasília/DF, São Paulo/SP e João Pessoa/PB, os pesquisadores Henrique Salmazo da Silva e Maria Liz Cunha, da Universidade Católica de Brasília, dão início à primeira etapa do Projeto Vivacidade e Envelhecer com Orgulho, com aplicação de um questionário online. A iniciativa pioneira no levantamento de dados focados na população idosa LGBTQIA+ têm financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A pesquisa busca dados essenciais para a elaboração de políticas públicas que atendam às necessidades de uma população historicamente invisibilizada. Salmazo, que também coordena a pós-graduação em Gerontologia da UCB, diz que “sem dados, não há como fazer políticas”, reforçando a importância do levantamento de informações para subsidiar a criação de serviços e programas que promovam um envelhecimento mais digno e saudável para esse grupo.

Coleta de dados

A primeira etapa do estudo consiste em um questionário eletrônico que pode ser respondido até julho de 2025 pela população LGB com 50 anos ou mais e por pessoas trans com 40 anos ou mais. Para proteger a identidade dos respondentes, os dados coletados serão anonimizados. Para participar, basta preencher o questionário on-line.

O recorte etário está diretamente relacionado à realidade da população LGBT. “A expectativa de vida de pessoas trans no Brasil é de apenas 35 anos, e o país ainda lidera os índices de assassinatos de pessoas trans no mundo. A maioria das pessoas LGBTQIA+ não alcança a velhice devido à falta de acesso a saúde, educação e condições dignas de vida”, explica Salmazo.

As cidades escolhidas para o estudo representam diferentes contextos sociais e culturais. Brasília, com 3,8% de sua população adulta se identificando como LGBTQIA+ e dados regionais detalhados, já contribui com informações essenciais para a pesquisa. São Paulo, berço das políticas LGBTQIA+ no Brasil, é um importante polo do movimento. João Pessoa, por sua vez, destaca-se como a décima capital brasileira com maior percentual de homossexuais e bissexuais autodeclarados, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE em 2019. Além disso, a capital paraibana reflete padrões de envelhecimento distintos em relação às regiões Sudeste e Centro-Oeste, permitindo um mapeamento mais abrangente da população idosa LGBTQIA+ no Brasil.

Políticas públicas

Os dados coletados pelo Projeto Vivacidade e Envelhecer com Orgulho terão aplicação prática na proposição de políticas públicas e serviços que atendam às demandas dessa população. Além disso, a pesquisa prevê a realização de oficinas intergeracionais, promovendo espaços de acolhimento, educação não formal e apoio entre pessoas idosas e jovens adultos LGBTQIA+.

Publicado por Samuel Siqueira
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