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2017
abr
20

Pesquisa aponta: obesidade atinge 1 em cada 5 brasileiros

Com um crescimento de 60% no número de obesos na última década, o Brasil passou de um país com alto índice de desnutridos, para um país com alto índice de obesos. Esse foi o resultado da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, realizada pelo Ministério da Saúde, durante o ano de 2016.

A pesquisa aponta alguns resultados positivos, como a diminuição do consumo de sucos artificiais e refrigerantes que passou de 30,9%, em 2007, para 16,5%, em 2016, e a prática de atividade física em tempo livre, que teve um aumento de quase 8% de 2009 para 2016. Porém, a professora do curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília, Fabiani Beal, explica que a obesidade é um somatório de várias causas, e mesmo com alguns resultados significativos foram constatados outros que comprometeram a saúde da população.

“O que as pessoas precisam entender é que essa questão da obesidade é multifatorial, que não é um único alimento ou uma única atividade física mais intensa que vai trazer um grande resultado. A pesquisa mostra que o consumo de frutas e verduras dos brasileiros de todos os dias da semana diminuiu absurdamente. É uma proporção quase de um para cinco que consomem frutas e verduras cinco vezes por semana. Além disso, durante o processo de coleta de dados, não foi perguntado em relação à variedade. Uma coisa é a pessoa consumir batata, cenoura e abobora cinco vezes por semana, outra completamente diferente é comer legumes, hortaliças e frutas variadas durante esse período, por exemplo”, pontua a nutricionista.

A professora também ressalta a correlação da obesidade com a desnutrição oculta que, com o passar dos anos, minimizou a desnutrição dos indivíduos magros a transformando em sobrepeso e deficiência de nutrientes. “O sobrepeso não quer dizer que essas pessoas tenham excesso de todos os nutrientes ou tenham acesso a todos os tipos de alimento, pelo contrário, geralmente são pessoas que consumem alimentos pobres em nutrientes”.

Tratamento
Para pessoas que estão em estado avançado, a nutricionista aponta o acompanhamento multidisciplinar como a melhor solução. “Não há como um endocrinologista, um cirurgião bariátrico, um nutricionista ou um psicólogo resolverem sozinhos as questões metabólicas e psicológicas desses indivíduos. Existem grupos de obesos em vários hospitais e instituições com uma equipe multiprofissional e cada um acompanha esses pacientes dentro da sua própria área”.

Prevenção
Muitas doenças podem ser evitadas com a prevenção e no caso da obesidade não é diferente. A prática de exercícios, o consumo de alimentos saudáveis e a realização de exames de rotina periodicamente ainda são as melhoras formas de colaborar com a qualidade de vida e o bem-estar. “Obesidade é algo muito sério e tem que prevenir. Quanto mais cedo começa essa prevenção, mais cedo esses hábitos de vida vão se fixando na vida do indivíduo e nas próximas gerações”, enfatiza Fabiani.

De acordo com a especialista, é necessária uma campanha massiva de esclarecimento do que é a obesidade e o que ela causa, pois isso vai ser um problema realmente sério para a população do país que está engordando e envelhecendo. “Diabetes, hipertensão e dislipidemia são algumas das doenças crônicas causadas pela patologia, que também pode causar depressão, ou ter sido causada pela depressão. O intestino é considerado o nosso segundo cérebro justamente pela questão da serotonina – hormônio responsável pelo bem-estar. Cerca de 90% desse hormônio produzido pelo nosso organismo vem das bactérias do intestino e de lá vão para o cérebro fazer a sua ação. Então, uma alimentação rica em sódio, com produtos minimamente processados, ricos em gorduras saturadas e gorduras trans, além de levar à obesidade, leva também a uma série de predisposições”.


Publicado por Tiago Mendes
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