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Ao contrário do que muitas pessoas pensam os óleos são essenciais para manter uma dieta saudável, recomendada por um profissional de nutrição. Com tantas variações desse alimento o que muitos não sabem é qual o melhor e mais indicado no preparo das receitas.
Atualmente, existe dentro da área de Nutrição, uma discussão em torno do óleo de coco e o óleo de canola. Qual é o melhor para quem busca emagrecer, reduzir o colesterol ruim ou apenas manter uma vida saudável?
Para sanar essas dúvidas e saber qual é o mais indicado para cada indivíduo, a professora do curso de Nutrição, especialista em nutrição funcional, da Universidade Católica de Brasília (UCB), Fernanda Bassan, concedeu entrevista sobre o tema:
1) Muitas pessoas tem substituído o óleo de canola pelo óleo de coco no preparo dos alimentos. Qual a principal diferença entre esses óleos?
A principal diferença está na composição dos ácidos graxos dos dois óleos. Em comparação com outros óleos vegetais, o óleo de canola possui maior quantidade de ômega 3, um ácido graxo anti-inflamatório encontrado também no óleo de linhaça. Já o óleo de coco é conhecido por conter elevadas quantidades de gordura saturada, porém, ao contrário de outras gorduras, seus ácidos graxos são de cadeia média. Os ácidos graxos de cadeia média são mais facilmente absorvidos do que os de cadeia longa e sua oxidação, ou seja, a “queima”, também ocorre em um processo mais simples. Por esse motivo, o óleo de coco pode ser usado em pacientes que possuem problemas de saúde que levam à má digestão de gorduras, como alguns casos de pancreatite.
Desta maneira, o óleo de coco pode ser utilizado sem problemas, pois, entre os estudos já realizados, ele parece ter mais benefícios do que malefícios. Mas ainda é uma gordura que possui alto valor calórico, assim como todos os óleos e gorduras, e, portanto, não devemos exagerar na quantidade consumida.
Em relação ao óleo de canola, há alguns anos surgiu um movimento entre os naturalistas e alguns nutricionistas defendendo que ele não seria uma boa opção para a saúde, pois é feito a partir de uma planta transgênica (híbrida), chamada colza, que possui um ácido graxo denominado ácido erúcico. Este, por sua vez, também é encontrado em outros vegetais, como nas sementes de mostarda, couve e brócolis – mas em quantidades bem menores. Em alguns estudos, o consumo de maior quantidade do ácido erúcico levou ao acúmulo de gordura no coração de animais filhotes. Por isso, seu uso foi proibido em fórmulas infantis nos Estados Unidos, pois os bebês não conseguem metabolizar esse ácido graxo adequadamente. Os produtores de canola afirmam que, atualmente, com o melhoramento genético da planta colza, o teor de ácido erúcico foi reduzido e, por isso, seu consumo é seguro. Para saber se é seguro em longo prazo, precisamos de mais estudos.
2) Além desses óleos, existem outros que podem ser utilizados e, por sua vez, são melhores que os citados anteriormente?
O azeite de oliva extra virgem também é um óleo com boa composição de ácidos graxos, boa fonte de ômega 9 e fitoquímicos que ajudam na prevenção do risco de doenças cardiovasculares, ação anti-inflamatória e antioxidante. O óleo de linhaça também é uma boa opção para aumentar o consumo de Ômega 3, mas seu custo é elevado.
Um estudo recente mostrou que o óleo de milho e o de girassol possuem um teor maior de ômega 6 e ácido graxo inflamatório, o que os tornam mais instáveis no cozimento e na fritura e, portanto, oxidam mais e produzem compostos que são prejudiciais à saúde. Acredito que o mais importante é ter variedade no consumo dos óleos. Até mesmo o óleo de soja possui benefícios, mas em excesso tem seus prejuízos à saúde.
3) O que as pessoas precisam saber e entender sobre o óleo de coco e o de canola, por exemplo. Para qual ocasião cada um deve ser usado?
Não existe uma recomendação para uso. Percebo que ainda não temos evidências dos malefícios desses óleos na saúde do adulto. Enquanto não tivermos mais estudos, eu evitaria o uso de canola para crianças até 2 anos.
4) Para as pessoas que seguem uma dieta alimentar saudável, qual a melhor opção?
A melhor opção é ter variedade entre os óleos.
5) Muitas pessoas utilizam o óleo de coco para emagrecer. Sabe-se que esse óleo ajuda na inflamação do tecido adiposo, mas trata-se de uma gordura saturada. Como isso prejudica o processo de emagrecimento?
Os ácidos graxos saturados do óleo de coco são de cadeia curta, por isso, se comportam de maneira diferente no organismo. Por exemplo, alguns trabalhos mostram que o óleo de coco não possui ação pró-inflamatória e podem ainda trazer efeitos cardioprotetores, como aumento do colesterol HDL, colesterol "bom", e redução do colesterol LDL, colesterol "ruim". Em relação à perda de peso, os ácidos graxos de cadeia curta parecem atuar em mecanismos que podem auxiliar na queima de gordura como, por exemplo, na redução da expressão de genes associados à obesidade, aumento da oxidação de gorduras, aumento na síntese de neuro-hormônios, que dão a sensação de saciedade, entre outros. Apesar desses mecanismos propostos, nos estudos já realizados, os efeitos na perda de peso e redução de gordura corporal são modestos.
6) Qual a sua conclusão a respeito do uso de óleos para uma dieta saudável?
Como todo produto "milagroso" que surge, a resposta sempre vai ser a mesma: um único produto não levará à perda de peso sozinho. O que resulta em emagrecimento é a mudança de estilo de vida, com uma alimentação saudável e prática de exercícios físicos regularmente.