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Ontem, dia 6, aconteceram palestras do Fórum Cidades Criativas na Universidade Católica de Brasília (UCB). O evento é realizado pelo Instituto Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF). Os palestrantes falaram sobre o cenário da economia criativa no Distrito Federal e no Ceará e sobre o conceito de “cidades criativas”, no contexto global. O destaque ficou para o “Panorama da Economia Criativa do Distrito Federal“, pesquisa coordenada pelo professor Dr. Alexandre Kieling, do Mestrado Profissional Inovação em Comunicação e Economia Criativa da UCB.
Trinta e quatro pesquisadores, entre professores e estudantes da graduação e do mestrado, trabalham para a construção do Panorama. A equipe identificou mais de 130 mil agentes criativos no DF. O impacto econômico passa dos R$ 9 bilhões, o que representa 3,5% do PIB distrital de 2022, quando os dados foram levantados.
A pesquisa surgiu de uma demanda da Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF), com o objetivo de mapear os agentes criativos de cada uma das 33 regiões administrativas (RA) do DF. O estudo é composto por quatro fases: revisão bibliográfica e análise documental; análise das potencialidades e vocações do mercado no setor; elaboração de ações formativas a partir das vocações e competências identificadas; e tabulação dos resultados, compilação em dados estatísticos, análise crítica dos dados e apresentação do plano de ação. Esta última etapa ainda está em desenvolvimento.
Segundo o coordenador do projeto, professor Dr. Alexandre Kieling, o propósito maior é “impulsionar o desenvolvimento sustentável, cultural, social, econômico e ambiental”. Ele reconhece que o desafio é ambicioso, diante do tamanho do objeto de pesquisa e da fragmentação do setor. Os agentes culturais muitas vezes não se unem em associações ou entidades representativas. Esse isolamento dificulta o acesso a crédito, fomento e outras formas de apoio público ou privado. “Então nós dissemos’ vamos fazer juntos’. É isso que a gente está propondo”, completa.
A pesquisa conta com fomento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e da Secretaria de Turismo do Distrito Federal, por demanda da Câmara de Economia Criativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), além de recursos de emendas parlamentares da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF).
Para se ter uma visão ampla da produção acadêmica sobre a economia criativa, a equipe coordenada pela professora Drª Florence Dravet examinou 45 teses de doutorado, 255 dissertações de mestrado e mais de 3 mil artigos científicos produzidos entre 1966 e 2021. “Tivemos um retrato muito claro de tudo que se produziu no Brasil desde que o termo (economia criativa) começou a ser utilizado”, conta a professora. Com esse trabalho exaustivo, foi possível identificar a origem, a frequência e a distribuição geográfica, no Brasil e no mundo, onde o termo aparece, com distinção por áreas de conhecimento e evolução temporal dos conceitos que hoje sustentam a ideia de economia criativa.
A segunda fase foi a identificação dos agentes criativos e o mapeamento das vocações de cada uma das 33 regiões administrativas (RA) do Distrito Federal. Coordenada pelo professor Dr. Leandro Bessa, o grupo de pesquisadores percorreu os principais pontos de cultura do DF e registou mais de 130 mil agentes. “Nós conseguimos hoje, pelos relatórios, verificar qual é a vocação de Taguatinga, por exemplo, com dados quantitativos, por números de ocupações no domínio do audiovisual, ou da fotografia, ou do design, por exemplo”.
Nesta fase, o professor Dr. Victor Gomes e sua equipe partiram do referencial teórico e das informações reunidas acerca dos agentes criativos identificados no DF para criar indicadores. Esses critérios permitem perceber os pontos fortes de cada RA, de forma que o poder público e outros investidores consigam direcionar recursos e estimular o desenvolvimento das atividades com maior precisão. “Nós pensamos estrategicamente na economia criativa como uma fonte de vantagem competitiva que pode proporcionar o crescimento da região”, explica o professor.
A fase final da pesquisa, com previsão de entrega para o fim deste semestre, trará uma síntese das etapas anteriores e um plano de ação com sugestões de políticas em favor da economia criativa no DF, segmentado por RA. A individualização das regiões permitirá definir ações específicas, de acordo com a vocação de cada cidade. Dessa forma, as políticas públicas e o fomento, seja público ou privado, poderão ser mais eficientes e com impacto positivo sobre a economia.
Após a apresentação do Panorama, seguiram-se palestras de Cattleya Guedes e Cláudia Leitão, abordando temas relacionados à cooperação entre cidades e o potencial de Brasília como destino turístico focado no design. O Fórum, que acontece de 4 a 7 de junho, é sediado pela primeira vez no Brasil e inclui uma programação diversificada com palestras, workshops, exposições e mesas redondas.
Brasília, reconhecida pela Unesco como Cidade Criativa do Design desde 2017, é destacada pela sua capacidade de inspirar criatividade e inovação em diversos segmentos. O evento reforça o papel do design como ferramenta de transformação social e inovação, contribuindo para o desenvolvimento urbano sustentável e a promoção de uma vibrante cena cultural na capital federal.