Obra aborda a personagem homônima e enigmática de João Guimarães Rosa, figura ambígua, encantadora e heróica do romance “Grande sertão: Veredas”. O evento ocorrerá a partir das 16h na Livraria Circulares, na 113 Norte
Neste sábado (17), a partir das 16h, o professor e escritor Leandro Bessa lançará o livro “Aparições de Diadorim: Assombro e Fascínio em Grande Sertão: Veredas” na Livraria Circulares, localizada na CLN 113 bloco A loja 7, na Asa Norte. A obra oferece outras perspectivas sobre a enigmática e ambígua personagem Diadorim, explorando a condição feminina e as influências na vida e obra de Guimarães Rosa. Bessa é docente dos cursos de Comunicação e do Mestrado Profissional Inovação em Comunicação e Economia Criativa da UCB.
A partir de uma abordagem que mescla estética, gênero e crítica literária, o livro investiga a complexidade de Diadorim, desde suas diversas fisionomias e simbologias em diálogo com a subversão das normas heteropatriarcais em “Grande Sertão: Veredas”, propondo uma leitura que enxerga Diadorim como uma figura transgênera, ou “lusfus”: Baseada em documentos inéditos que relacionam Guimarães Rosa e Simone de Beauvoir, a obra sugere que a ideia de gênero no romance é afetada pela desestabilização da ordem vinculada aos dimorfismos e binarismos.
“Fruto da minha pesquisa de doutorado, o livro investiga como Diadorim dialoga com questões atuais, como disputas de gênero, transgeneridade, o aprendizado pela amizade, além dos temas clássicos rosianos: metafísica, misticismo, as oposições entre o bem e o mal e de um Brasil moderno e atrasado”, ressalta Leandro Bessa. O livro pode ser adquirido no evento de apresentação ou no site da editora.
Segundo ele, a metodologia combina estudos de gênero e teoria da imagem como a noção de imagem dialética de Walter Benjamin. “O livro oferece uma leitura provocadora sobre um dos personagens mais fascinantes da literatura brasileira, destacando a fusão de elementos simbólicos e imaginários que compõem a performance de Diadorim”, complementa.
A obra também aborda a subversão das normas heteropatriarcais em “Grande Sertão: Veredas”, propondo uma leitura que enxerga Diadorim como uma figura transgênera e discutindo temas como desejo proibido e a dimensão abjeta de sua relação com Riobaldo. Com uma metodologia que combina estudos de gênero, teoria queer e a noção de imagem dialética de Walter Benjamin, o livro oferece uma leitura inovadora e provocadora sobre um dos personagens mais enigmáticos da literatura brasileira.
Método de Diadorim
“Diadorim é movente no sentido de inspirar e produzir deslocamentos perceptivos e zanzares, incertezas, desejos e belezas. Não por acaso, seu aspecto “movente” é um dos capítulos deste livro, fruto de uma pesquisa inspirada e laboriosa, em que Leandro Bessa quase decifra o mistério desse fascinante personagem. Diadorim assim o requer”, analisa no prefácio o poeta e escritor Gustavo de Castro, professor de Estética da Comunicação da graduação e da pós-graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador de literatura brasileira.
“Ao adotar a tática da aproximação, pouco a pouco, Leandro destrincha as emoções e os dados biográficos do personagem: sua relação amorosa (ou quase) com Riobaldo, sua sede de vingança, seu conhecimento dos pássaros. Leandro compartilha conosco suas dúvidas, e os silêncios de Diadorim, seus gestos estéticos, sua força difusa”, indica Castro.
Sobre o autor
Doutor e mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB), com estágio doutoral na Faculdade de Letras da Universidade de Sorbonne (Paris – FR), Leandro Bessa é especialista em Processos e Produtos Criativos (UFG) e em Filosofia da Arte (Ifiteg/UEG). É professor do Mestrado Profissional Inovação em Comunicação e Economia Criativa (UCB). Integra o Grupo de Pesquisa Siruiz – Comunicação e Imaginação Literária (CNPq/UnB). Em 2022, organizou o Colóquio Internacional Primeiras Estórias – 60 Anos, que resultou na coletânea As primeiras estórias de Guimarães Rosa (Editora da UnB).