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2016
dez
15

História de Peter Pan é transportada aos palcos da inclusão social

O espetáculo de dança “Peter Pan” é uma adaptação livre da obra infantil “Peter and Wendy”, de 1911, do autor J.M. Barrie, que mais tarde estrelou nos cinemas com versão da Disney. Para contar a história do pequeno garoto que se recusa a crescer e passa a vida em aventuras mágicas, o projeto Espaço Com-Vivências da Universidade Católica de Brasília (UCB), em parceria com a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF), reuniu, no dia 9 de dezembro, no palco do Auditório Central, cerca de 130 estudantes da rede pública com deficiências físicas, intelectuais e múltiplas, além de vários familiares, voluntários e professores.

Vinculado ao curso de Educação Física com o apoio dos cursos de Psicologia e de Fisioterapia, esta é a 7ª edição do espetáculo que, desde 2010, reúne aproximadamente 20 voluntários dos cursos e quatro egressos. O musical Peter Pan é resultado dos trabalhos desenvolvidos no projeto que, hoje, atende aproximadamente 200 estudantes da rede pública de ensino do DF, com necessidades especiais, como transtornos do espectro do autismo e Síndrome de Down.

Segundo um dos responsáveis pelo projeto na UCB, Prof. Elvio Marcos Boato, os estudantes de Educação Física têm a oportunidade de vivenciar, ainda no período de graduação, essas atividades. Para ele, foi um espetáculo emocionante, que representou um amadurecimento do grupo de trabalho e da forma como os estudantes se apresentaram e se comportaram.

“Mostramos as potencialidades dos estudantes para seus familiares e os voluntários tiveram a oportunidade de trabalhar competências específicas. Percebemos uma melhora significativa no desenvolvimento intelectual, psicomotor e no comportamento deles. Me emocionei bastante. O diferencial deste ano é que tivemos todo um aparato de cenografia e novos estudantes envolvidos, principalmente, os cadeirantes, que possuem muita dificuldade de locomoção”, destacou o Prof. Elvio Boato.

Para a professora da Secretaria de Educação Soraia Valenza Diniz, uma das coordenadoras do projeto, este musical fechou um ciclo de aprendizado e conhecimento adquiridos ao longo dos anos, pois é seu último ano de apresentação. “Este tem um sabor especial de saudade, pois me aposento em 2017 e concluo minha contribuição para o projeto. É um prazer enorme e é um presente para mim ver a alegria deles. Pensamos em como a história conversa com nossos estudantes e traz o dia a dia do que eles vivem. Então, construímos a partir do que eles têm a oferecer sempre buscando essa troca, no que é possível realizar, por meio de coreografias e cenários”.

Daniela Ângelo Miranda, mãe de uma estudante cadeirante, carrega consigo um sentimento de gratidão, pela equipe, pelos professores e pela confiança e dedicação também deles, que sempre compareceram aos ensaios. No projeto há dois anos, esta é primeira vez que Ana Luiza se apresenta no palco fora da cadeira de rodas. “Achei importante vê-la incluída no grupo e, com a ajuda de um bailarino, ela conseguiu sair da cadeira e foi muito expressiva. Mesmo com toda a dificuldade locomotora, queremos que ela trabalhe cada vez mais sua expressão corporal”.

Emocionada, dona Ivanise de Souza, mãe da Lídia, disse que não imaginava a capacidade da filha que é cadeirante. “Esta é a primeira vez que ela participa e foi maravilhoso. Me emocionei de verdade, pois não imaginava que ela seria capaz”, comemorou. Animada no palco, Lídia parecia não ter limitações e se divertiu em cada nova cena. “Eu me senti muito bem! Foi maravilhoso, pois eu nunca tinha participado de uma apresentação em público, para todo mundo me ver. Gostei muito e quero participar outras vezes, se Deus quiser”, ressaltou.

Parceria duradoura

A SEDF disponibiliza professores de Educação Física e de Educação Artística para conduzir as oficinas de atividades aquáticas e de expressão corporal, em que os estudantes atendidos no projeto de educação inclusiva desenvolvem aptidões físicas, funções cognitivas e melhoria da autoestima. As habilidades psicomotoras são trabalhadas por meio da Psicomotricidade Relacional, um método de abordagem focado nas relações, emoções e sentimentos, pela compreensão do próprio corpo e nas suas relações consigo mesmo, com os outros e com os objetos.

As pesquisas realizadas no projeto servem de base para a Secretaria de Educação aperfeiçoar os atendimentos educacionais especializados realizados nos Centros de Ensino Especial e Classes Inclusivas. Além disso, a maior parte dos estudos é apresentada em congressos especializados em Educação Física Adaptada, Educação Especial e Educação Inclusiva.

Saiba mais

Para participar, é preciso ser estudante da SEDF e ter um laudo médico com diagnóstico da deficiência. O estudante será atendido, duas vezes por semana, em oficinas de atividades aquáticas e corpo expressão nos turnos vespertino e matutino na Universidade Católica de Brasília (Piscina e Sala AG 04).

Publicado por Tiago Mendes
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