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2025
jun
27
Estudantes da UCB levam 3° lugar no Hachathon da Campus Party Brasil
Hackathon

Estudantes da UCB criam app contra violência e são premiadas

Equipe feminina cria o Aurora em 48 horas durante o desafio “Mulher Mais Segura”, promovido pela Secretaria de Segurança Pública do DF na Campus Party. Solução aposta em tecnologia, empatia e camuflagem inteligente para salvar vidas. 

Na mais recente edição da Campus Party Brasília, evento que reúne entusiastas da tecnologia, inovação e criatividade, três estudantes da Universidade Católica de Brasília (UCB) conquistaram o terceiro lugar no hackathon “Mulher Mais Segura” com uma proposta ousada e urgente: um aplicativo voltado à proteção de mulheres em situação de violência. Em apenas 48 horas, Yasmin Costa (Ciência da Computação), Valéria Gomes e Sara Holanda (Análise e Desenvolvimento de Sistemas) desenvolveram o Aurora, uma solução tecnológica criada por e para mulheres. 

“Foi o nosso primeiro hackathon. Passamos noites sem dormir, mas a emoção de ver o Aurora reconhecido foi enorme”, conta Yasmin, ainda embalada pelo impacto do prêmio. Mais do que o resultado, o que impulsionou a equipe foi a vivência pessoal e coletiva das dores que o aplicativo busca combater. “A gente trouxe experiências reais, nossas e de mulheres próximas”, completa Valéria. 

Como funciona o Aurora 

O aplicativo tem como foco a prevenção e o registro seguro de provas em contextos de violência doméstica. Entre os destaques do aplicativo Aurora está o sistema de camuflagem inteligente, pensado para proteger a usuária mesmo que o agressor tenha acesso ao celular. Valéria explicou: “A gente fez algumas páginas pra camuflar o aplicativo em si. Então, a gente fez de receita, de notas. Então, na hora que outra pessoa abrir o aplicativo, o agressor não vai ver que realmente é algo no sentido de segurança para a mulher.” 

O Aurora também oferece a possibilidade de armazenamento seguro de provas, como fotos, vídeos, áudios e documentos. Segundo Valéria, a inspiração veio da vivência de uma das integrantes da equipe: “A Sara já tinha trabalhado numa delegacia e ela tinha visto uma das dores principais das mulheres que iam registrar o boletim de ocorrência, que era a questão de não ter provas. Normalmente acontece a briga, o cara quebra o celular, o agressor, e a vítima acaba ficando sem as provas.” 

Outra função destacada por Valéria é o reconhecimento de voz com palavras-chave. Para ela, essa é uma das ferramentas mais potentes do app. “A funcionalidade que eu acho mais interessante é a funcionalidade onde a gente usa o comando de voz. Porque muitas vezes a briga tá ocorrendo e, se ela sentir que pode acontecer algo, que ela precisa de ajuda, ela consiga fazer o comando de voz sem estar com o aplicativo em mãos. Ele poder acionar a polícia”, explica.

Já Yasmin apontou o timer de segurança como a funcionalidade que considera mais importante. “A vítima pode cadastrar um timer de segurança no momento que ela se sentir segura e também cadastrar um contato de emergência. Caso ela não chegue no local informado nesse tempo, o aplicativo vai informar para o contato de emergência dela que algo está acontecendo.” 

O app também conta com geolocalização em tempo real, que permite que pessoas de confiança acompanhem o deslocamento da vítima, e com localização de delegacias próximas, conforme a posição atual do celular. Segundo Valéria, a equipe também incluiu uma proposta de integração com o TJDFT, para que vítimas possam acompanhar medidas protetivas diretamente pelo app. 

Todas as funções foram pensadas com base em vivências reais, das próprias desenvolvedoras e de mulheres próximas. “A nossa base de ideia do Aurora foi essa: proporcionar para que as vítimas pudessem ali guardar as provas, independente se perdesse o celular ou não”, afirmou Valéria. 

A equipe já começou a etapa de desenvolvimento contínuo do Aurora, focando inicialmente nos recursos que não dependem de integração direta com serviços governamentais. A ideia é lançar a versão inicial do app em lojas virtuais e, em paralelo, buscar parcerias para expandir suas funcionalidades. 

“Nosso sonho é oficializar uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública do DF para colocar o Aurora em prática em larga escala”, diz Yasmin. Valéria acrescenta: “Já estamos conversando com outras equipes premiadas para apresentar uma proposta conjunta à secretaria.” 

Mulheres na tecnologia 

Além da inovação, o projeto carrega um marco de representatividade. A equipe foi a única 100% feminina entre as participantes do desafio, num ambiente ainda dominado por homens. “Nos sentimos intimidadas no começo, mas decidimos seguir em frente e mostrar que também somos capazes”, lembra Valéria. As três fazem parte da Somos TECH, comunidade da UCB que apoia e estimula a participação de mulheres na área de tecnologia da informação. 

“Ver outras mulheres ocupando esse espaço é fundamental. Ser esse exemplo para quem está chegando é uma responsabilidade e também um orgulho”, afirma Yasmin. 

 

Publicado por Lorenna Kuroda
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