//
2015
ago
05

Especialista em Nutrição Materno-Infantil incentiva amamentação

Com o tema ”Amamentar e trabalhar – Para dar certo o compromisso é de todos”, a Semana Mundial de Aleitamento Materno 2015 vai até o dia 7 de agosto com diversas iniciativas em todo o país para incentivar a amamentação. Neste ano, as ações pretendem sensibilizar as empresas sobre a importância da amamentação, pois o leite materno possui anticorpos que previnem doenças. Segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), durante os seis primeiros meses de vida, os bebês devem se nutrir exclusivamente de leite materno − o que exclui inclusive água mesmo em períodos de seca e umidade baixa − e continuar a amamentação até os dois anos de idade de forma complementar.

A especialista em Nutrição Materno-Infantil, professora do curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB), Silvana Reigota, acredita que a Semana Mundial de Aleitamento Materno deve ter ações contínuas durante todo o ano para que as mulheres sejam estimuladas a manter este hábito. Segundo ela, o leite materno só traz benefícios. “É um alimento completo, em temperatura adequada, seguro e livre de contaminação. Ele protege a criança das infecções comuns da infância. Possui ainda o fator bífido, responsável pelo crescimento da microbiota intestinal e pela presença de Lactobacillus Bifidus, que vai ajudar na eliminação das primeiras fezes da criança”.

Para a nutricionista infantil Silvana Reigota, o alimento deve ser oferecido em livre demanda e em quantidade adequada. Segundo ela, não existe leite fraco, mas sim a técnica incorreta, pois todo leite serve para nutrir as necessidades da criança. Além disso, ela indica a ingestão de água para produção de leite e explica que equilíbrio emocional é fundamental. “Quanto mais a criança suga, mais estimula a prolactina, que é o hormônio responsável pela produção do leite, e a liberação de ocitocina, fundamentais à amamentação. Quando a mulher não está preparada psicologicamente ou em situação de stress, a ocitocina é bloqueada, causando desconforto e falta de prazer e estímulo”.

Amamentar durante a madrugada não é aconselhável, pois é um ato condicionado, no entanto, cada criança faz o seu horário. “Não há necessidade de regular o tempo. Existem crianças que mamam mais rápido e outras que demoram mais para esvaziar o seio da mãe. O ideal é esvaziar uma mama para depois passar para a outra se houver necessidade. Na maioria das vezes, a criança não se sente saciada porque não mama até o final. O leite do início tem mais água e proteína em sua composição, enquanto que o do final tem mais gordura, que é essencial para dar saciedade à criança. Isso porque a gordura demora mais tempo para ser digerida e é neste momento em que o bebê está relaxado”, disse Silvana Reigota.

Caroline Romeiro é mãe do Davi, de 1 ano 2 meses, e também professora do curso de Nutrição da UCB. Para ela, a amamentação favorece o vínculo entre a mãe e o filho. “O início da amamentação é uma adaptação do nosso corpo. Os primeiros 15 dias são os mais difíceis, mas, passada essa fase, é recompensador. Só de você ver o seu filho crescendo saudável com um alimento que você produz é muito gratificante. Amamentar não é só um ato de alimentar, você demonstra o seu amor por ele. É um aconchego para ele nos momentos de stress e insegurança”.

A professora diz ainda que pretende amamentar até os dois anos. “Vou respeitar o tempo dele, mas não quero definir prazos. Quando acabou minha licença maternidade, pensei que seria muito difícil, pois nunca consegui tirar leite para doar. O Davi nunca tomou nenhuma fórmula láctea, então, depois que ele foi para a creche e eu tive que retornar minha rotina ao trabalho, tive que iniciar a alimentação complementar com papinhas. Ele mama pela manhã, no final do dia, antes de dormir e, às vezes, de madrugada.

“Sempre soube da importância da amamentação pela minha área de formação, mas agora que sou mãe, posso ver todos esses benefícios no meu filho. Você fornecer todos os nutrientes importantes para ele. O bebê já nasce sabendo sugar e a amamentação auxilia também no desenvolvimento da região oral, na fala e na dentição, com melhor articulação de sons e pronúncias”, enfatizou Caroline Romeiro.

Entre os benefícios da amamentação para a mãe, estão a involução uterina e perda de peso. A nutricionista infantil Silvana Reigota diz que, “No período da gestação, acontecem inúmeras mudanças no corpo da mulher que podem ser revertidas com os hormônios produzidos durante o período de amamentação. Neste processo, o útero volta ao tamanho normal mais rapidamente, diminuindo o risco de hemorragia pós-parto, e a mulher perde peso rápido”.

Alimentação saudável

A indicação é que se inicie a introdução da alimentação complementar, com vegetais e frutas, a partir do 6º mês de vida. De acordo com Silvana, “Quando a mãe tem que retornar ao trabalho após quatro meses, pode se fazer a complementação, mas não é recomendado o uso da fórmula industrializada. Quando a criança não tem os dentinhos, a papinha deve ser feita amassada e não no liquidificador porque a criança vai começar a sentir os dentinhos e os sabores. A partir de 1 ano de idade, a alimentação da criança deve ser próxima à familiar, mas o aleitamento materno pode continuar até 2 anos de idade ou mais”.

As fórmulas podem ser prescritas se a criança for se beneficiar e não por uma comodidade da mãe não querer amamentar. “O leite materno tem enzimas que favorecem a digestão, o que não ocorre em fórmulas artificiais. Por meio do leite, a mãe produz anticorpos para o bebê e o recém-nascido é imaturo em relação ao sistema imunológico. Ele ainda não produz as enzimas e os hormônios necessários para os processos de digestão e absorção. A criança só tem prejuízo com o desmame precoce”, esclarece a professora Silvana Reigota.

No caso da mãe ou do bebê ter alergia a leite e derivados, é preciso fazer uma restrição alimentar. “Não é contraindicado o aleitamento materno, mas a mãe precisa tomar alguns cuidados, como cortar o leite da sua dieta para não transmitir o alimento que contenha a proteína do leite. É bom também estar alerta aos excessos na alimentação, pois tudo passa para o bebê. Até os três meses de vida, a criança passa por um período de ajuste fisiológico do organismo. Depois deste tempo, as cólicas podem ser fundo emocional quando estão em ambientes inadequados, por exemplo”, concluiu.

Publicado por Tiago Mendes
Skip to content