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2024
maio
22
Congresso

Congresso Internacional: Formação de docentes na Noruega

Na tarde desta terça-feira (21), a Universidade Católica de Brasília recebeu a pesquisadora Profa. Dra. Tone Kvernbekk, da Universidade de Oslo, da Noruega, em conferência sobre a formação de professores na Noruega, no Congresso Internacional de Internacionalização e Formação de Professores. . A mediação da discussão foi feita pelo professor da UCB Dr. Jenerton Schutz. A programação do evento que perdura até esta quarta-feira (22) pode ser conferida aqui.

Ao expressar estar “honrada com o convite” de participação no evento, sendo a primeira visita à Brasília, a docente norueguesa ressaltou que na Noruega a escolarização e a formação dos professores são interesses nacionais e que possuem conflitos de interesses, propostas e perspectivas. “Há risco nas escolas e na formação de professores. No meu país, não há muita liberdade na formação dos professores, que são decididas pelo parlamento”, apontou Tone Kvernbekk.

De acordo com a pesquisadora, a formação dos professores na Noruega iniciou com seminários, direcionados a esse público alvo, em 1826. “Daqui a dois anos, será o aniversário de 200 anos dessa iniciativa. A primeira lei sobre a formação de professores foi aprovada 1890 pelo parlamento. Depois, ocorreram várias pequenas e grandes reformas que os políticos do país decidiram, considerando que foram sábias, necessárias, desejadas, corretas, ou algo do gênero”, indicou Tone Kvernbekk. Para ela, algumas reformas têm a ver com questões estruturais, como colocar a formação dos docentes dentro da universidade. 

Mudanças

Ao observar tendências gerais na educação na Noruega, desde 1826, Tone observa que a formação de professores está se tornando mais longa, em termos de duração. Em 1826, ocorria em dois anos, e, atualmente, em cinco anos. “Em 2017, o nosso parlamento decidiu que deveríamos ter mestrado com a duração de cinco anos. Neste momento, só duas turmas se formaram nesse mais recente processo de formação de professores. A terceira turma se formará em junho deste ano. Nesse tempo, poucos professores noruegueses têm educação totalmente aprovada pelo governo. A maioria tem três ou quatro anos de formação”, explicou. 

Segundo ela, outra tendência é a substituição de professores generalistas por especialistas, cenário altamente debatido na Noruega. “Antigamente, quando me formei, todos os professores podiam dar aula de todas as matérias. A Noruega precisava de que professores dessem aula de todas as matérias. Com essa mudança gradual, direcionada à especialização, aparece um novo entendimento do professor, do que ele é ou do que ele deveria supostamente ser”, acrescentou. 

Ao expor que nos anos anteriores os professores tinham formação ampla, voltada ao desenvolvimento dos alunos, Tone considera que a configuração atual engloba um papel mais estreito e definido de passar conhecimento aos alunos. “Não há duvida de que temos o desenvolvimento muito significativo para uma metodologia de resultados. Há ênfase mais forte em resultados e avaliações. Os professores são diferentes entre si e o que eles pensam sobre essa questão varia. Alguns lamentam esse estreitamento do papel do professor. Outros aplaudem e acham que é uma coisa muito boa, de passar conhecimento aos pupilos”.

Desafios

Durante a conferência, Tone Kvernbekk também ressaltou as problemáticas no campo da educação durante a pandemia do Coronavírus. “As escolas primárias e secundárias norueguesas estiveram totalmente fechadas, assim como todas as instituições de ensino, incluindo as universidades. Todo o ensino foi dado de forma online. As crianças e adolescentes fizeram trabalhos online. O lockdown teve efeito significativo, já que o ensino foi digitalizado.  Nos comunicávamos com os professores e alunos por uma tela.”

De acordo com ela, após a pandemia, aumentaram os caos de recusa à ida à escola. “Isso tem a ver com estresse e nível de ansiedade. Houve aumento em relação à depressão das crianças, por se sentirem sozinhas, por não terem amigos e aparecerem mais casos de bullying. E os alunos por terem ficado apenas em casa não estavam mais aprendendo a colaborar.”

Ao apresentar esse panorama, a pesquisadora indicou que o aparecimento da inteligência artificial foi como um “grande tsunami”. “Não estávamos preparados para tudo isso. Estamos com dificuldade para lidar com a IA nas escolas e universidades”, ressaltou ao citar movimentos que ocorrem atualmente na Noruega para banir os celulares. “A formação de professores está correndo ao máximo possível para chegar à mesma velocidade da IA. Hoje, mais pessoas estão desistindo das turmas. Os alunos que estão sendo formados para trabalhar como professores não estão sabendo lidar mais juntos”, analisou.

Publicado por Bárbara Fragoso
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