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2018
maio
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Cenário político e econômico brasileiro é debatido por Teco Medina

É possível falar sobre economia e política com jovens de uma maneira leve, didática e divertida. E Luiz Gustavo Medina, ou Teco Medina, como é mais conhecido, provou que sim. Convidado pela Escola de Gestão de Negócios da Universidade Católica de Brasília (UCB), em parceria com o Sebrae (DF), Teco participou de duas aulas magnas realizadas nesta quinta-feira, 10 de maio, no auditório da Universidade. Com criatividade e dinamismo, ele envolveu estudantes e professores em um debate bem-humorado sobre o quadro político e econômico do Brasil.

A abertura do evento foi realizada pelo professor da UCB Marcelo Estrela Fiche, que também foi o responsável por mediar os debates com os alunos. Para ele, “a economia se ‘descolou’ da política e está caminhando com as ‘próprias pernas’”. Para Teco Medina, “estamos em um momento de grandes oportunidades”, frisou. Cláudia Trindade, que representou o Sebrae, afirmou que é de suma importância realizar esse tipo de ação voltada aos principais e potenciais futuros empresários brasileiros. “É nosso papel despertar nos jovens comportamentos empreendedores”, completou.

Medina começou sua palestra agradecendo a possibilidade de falar com a “fonte de esperança do nosso País”. Para ele, é fundamental resgatar a história recente da economia brasileira para entender o cenário atual. “Em 1993, quando muitos de vocês ainda não eram nem nascidos, a inflação atingiu inacreditáveis 30% ao mês e até 2500% ao ano. Itens como o telefone fixo eram presentes caros – geralmente de casamento – e precisavam ser declarados como bens no Imposto de Renda”, contou aos jovens. Ele lembrou ainda que remarcador de preços era uma profissão comum e que era contra essa situação com a qual a população brasileira lutava a cada dia.

A inflação nas alturas traz consigo situações como a impossibilidade de realizar um planejamento financeiro, por exemplo. E foi nesse contexto que surgiu em 1994 o Plano Real. Na análise de Medina, foi a primeira tentativa que deu certo para controlar a inflação, que chegou a 2,98% ao ano. Nesse sentido, a economia foi aberta e foram realizadas reformas e privatizações. Ele frisou ainda a importância da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de 4/5/2000), que basicamente “passou a proibir que os governantes fizessem o que queriam com o dinheiro do País”.

Em 2003, começou o governo de Lula que, para ele, foi o “governante mais austero economicamente”. A dívida pública brasileira despencou quase 20%, a inflação foi controlada e tivemos o maior superávit primário da história. “Começamos a ter a impressão que o Brasil iria dar certo e que aqui era o melhor lugar do mundo para se viver”, relembrou.

Apenas alguns anos depois, em 2008, o País passou a ser visto, aos olhos das grandes economias mundiais, como uma nação séria que não oferecia risco de calote. E o desenvolvimento não parou por aí: em 2010, atingimos a marca de 7,5% de crescimento ao ano, a mesma taxa da China.

Ainda em 2010, com a eleição de Dilma Rousseff, a inflação aumentou e chegou a 6,5% ao ano. “Voltamos a passar a imagem de que não tínhamos compromisso com a inflação baixa e isso foi visto como um retrocesso. De todas as desordens que podem acontecer com a economia, essa é a pior delas, pois tira o poder de compra do trabalhador e aumenta os custos do empresário, que nem sempre consegue repassar para o consumidor e acaba fechando as portas”, lamentou Medina.

Ele acredita que o fim do apoio fiscal e a falta de cuidado com o orçamento foram os responsáveis pelo aumento da dívida pública. “A renda per capita caiu 10% em três anos e pela primeira vez na história tivemos dois anos consecutivos de Produto Interno Bruto (PIB) negativo”, contou.

Em 2015, a taxa de desemprego chegou a 8,5%. Os mercados financeiros despencaram, teve início uma grave crise política e econômica e o Brasil perdeu a confiança dos investidores. Em maio de 2016, com o início do governo de Michel Temer, Medina acredita que “apesar de todos os problemas foi constituída a melhor equipe econômica da história recente, que realizou um diagnóstico preciso sobre o que precisaria ser feito para que o Brasil voltasse a crescer”.

Para ele, “a parte fiscal foi equacionada e mostramos ao mundo que a dívida pública não iria aumentar e que não daríamos calote. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Gastos Públicos deixou claro que não poderíamos gastar indefinidamente e a combinação de uma boa gestão no Banco Central somada à diminuição da recessão e a uma supersafra fizeram com que atingíssemos uma inflação que pode ser comparada a dos países de primeiro mundo (2,95%, em 2017)”, explicou.

O cenário atual, para Teco Medina, é positivo: “a inflação deve diminuir ainda mais no futuro e estamos atraindo investidores estrangeiros. Além disso, foi observada uma queda no desemprego e aumento no consumo (após oito trimestres seguidos de queda). “Para que tudo volte a funcionar, precisamos de investimentos em estradas, portos, ferrovias, rodovias e até em internet. É fundamental também que sejam realizadas as reformas trabalhista, previdenciária e fiscal”.

Ele lembrou ainda que atualmente o brasileiro é o trabalhador do mundo que mais gasta horas para pagar impostos. O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) estimou, em 2017, que 41,8% de todo o rendimento são destinados a impostos, taxas e contribuições exigidos pelos governos federal, estadual e municipal, o equivalente a cinco meses e dois dias de trabalho.

Eleições 2018

Em relação às eleições desse ano, Medina relembrou aos alunos que todos os últimos presidentes foram reeleitos e que o novo governante provavelmente ficará no poder por oito anos, referindo-se a Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), Lula (2003-2011) e Dilma Rousseff (2011-2016). “Precisamos eleger alguém que governe sem nenhuma margem de erro”, disse.

Para os alunos, deixou uma lição importante: queremos um País aquecido e com boa taxa de crescimento para termos condições de empreender e, para isso, precisamos de um governante que pense no Brasil como um todo. “A agenda é mais importante que o candidato. Estamos no começo de uma caminhada cheia de oportunidades de crescimento e acredito que nos próximos anos teremos um cenário próspero e com melhor distribuição de renda. Em cinco anos, nada será como hoje e cabe a nós definir se as mudanças serão positivas ou negativas”.

“Essa é a primeira eleição pós-Operação Lava Jato. Agora, sabemos de fato como as coisas são feitas e por quem. O povo brasileiro não será mais vítima e sim cúmplice caso eleja candidatos com histórico ruim”, finalizou.

Teco Medina

Titular do quadro “O assunto É Dinheiro”, da CBN, Teco Medina é formado em Finanças pelo Insper e atua há quase 20 anos no mercado financeiro. É palestrante e coapresentador dos programas “Fim de Expediente” e “Hora de Expediente”, ambos também veiculados pela CBN. É autor dos livros Investindo em Ações – Os primeiros passos, Investindo sem Erro, e Investindo no Futuro, todos pela Editora Saraiva. Escreveu para o jornal Valor Econômico e para a revista Elas & Lucros.


Publicado por Tiago Mendes
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