//
2010
jun
01

Cátedra apóia a realização de seminário para discutir o extermínio de jovens.

A Cátedra UNESCO, juntamente com parceiros internos e externos à UCB irá apoiar a campanha “Chega de violência e extermínio de jovens”, que vai abordar a problemática da mortalidade juvenil. Essa campanha está sendo articulada pela Pastoral da Juventude do Brasil, juntamente com outras organizações, para levar o debate sobre as diversas formas de violência à sociedade. Serão trabalhados três eixos na campanha: Formação Política e Trabalho de Base, Ações de Massa e Divulgação além do Monitoramento da Mídia e Denúncia quanto à Violação dos Direitos Humanos.

 

Compreende-se que a temática das violências contra as juventudes vem adquirindo importância crescente na sociedade contemporânea. No entanto, existe uma grande dificuldade na visibilização do fenômeno, uma vez que os sustentáculos da sociedade dominante impedem a sua denúncia. Neste sentido, diversos setores ligados à educação formal e não formal das juventudes, especialmente aqueles mais diretamente ligados com o trabalho com grupos populares, vem desenvolvendo pesquisas e estudos, mais ou menos sistematizados, os quais começam a evidenciar o duro quadro que caracteriza este grupo social. Fundamentalmente, trata-se de desvelar, de revelar as formas, antigas e novas, pelas quais a sociedade vitimiza as juventudes, especialmente aquelas pertencentes às camadas tradicionalmente excluídas da sociedade brasileira.

 

A respeito dessa temática, no ano de 2009, um grupo de professores populares ligados à Casa da Juventude, de Goiânia, participou de uma pesquisa, na tentativa de apreender os passos do método proposto por Paulo Freire, para a compreensão das juventudes. Esse método exige que o indivíduo saia do seu estado de inércia, e experimente passar por um profundo processo de conhecimento da vida do outro. Os professores buscaram então, uma comunidade para fazerem seu exercício Freireano. Foram desarmados de qualquer equipamento, sem máquinas fotográficas ou gravadores, pois o método estimula que apenas conversem com a população. Após abordarem vários moradores e ouvi-los, perceberam que todas suas hipóteses tinham caído por terra. Constataram que a questão principal era a violência, não somente verbalizada, mas expressa no silêncio dos corpos. A população expressa a dor de viver a diferença no tratamento do Estado, e reclamam da falta de diálogo, que resultaria em melhores condições. Infelizmente a realidade perversa só muda de endereço, mas é fácil de ser encontrada em vários municípios brasileiros.

 

Na mesma linha, começam a surgir publicações importantes relacionadas ao tema e com caráter de denúncia. O livro Auto de Resistência (Editora 7 letras) é um bom exemplo da impunidade dos governantes do país ao utilizar a escrita para dar um grito de indignação através de 21 relatos de familiares de jovens vítimas da agressão policial. Estatísticas mostram um resultado assustador, onde 51 jovens são mortos para cada grupo de 100 mil habitantes no Brasil, e 45% são vítimas de homicídio. Constata que ainda existe uma propensão às vitimas negras do sexo masculino e relata a triste situação dos jovens da América Latina, que vivem uma deplorável realidade de violência e injustiça.

 

É possível concluir que a violência é fruto de um sistema econômico e social perverso que desumaniza e coisifica as pessoas e as relações sociais. Pensando por essa ótica, é possível esperar que essa realidade mude com a reestruturação do sistema com novos valores, uma vez que este é composto por ações humanas.

 

Acredita-se que se a sociedade e o estado se mobilizarem junto com os jovens contra o extermínio juvenil, promoverão um novo projeto de cidadania, onde a consciência e o respeito ao próximo serão requisitos básicos.

Skip to content