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Com o objetivo de destacar a importância da intervenção nutricional como coadjuvante no tratamento do autismo, a estudante do curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB), Jéssyca Muniz Rufino, 22 anos, realizou a pesquisa “Autismo e desafios da terapia nutricional: Um estudo de revisão”, com orientação da professora Iama Soares.
A jovem conta que a ideia de estudar sobre os desafios nutricionais no tratamento do autismo surgiu por meio do contato com uma criança autista e também pela grande quantidade de pessoas portadoras do espectro autista no mundo. Jéssyca ainda destaca que o tema vem sendo bastante debatido em congressos internacionais, porém com uma baixa repercussão no Brasil sobre os cuidados relacionados à alimentação dos autistas.
A orientadora no projeto, professora Iama Soares, pontua que alguns trabalhos mais recentes têm mostrado que a nutrição, por meio da mudança no padrão alimentar de crianças com espectro autista, pode melhorar sintomas gastrintestinais e aspectos cognitivos. “Não há ainda um consenso, devido à temática ser bastante atual, sendo necessários mais estudos que comprovem a ação de determinados nutrientes no processo. Este trabalho é pioneiro, no sentido de compilar dados da literatura internacional que podem ser utilizados como ferramenta para que nutricionistas tenham uma atuação mais adequada nesses casos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes”.
Jéssyca explica que o autismo pode ser uma consequência de peptídeos de origem exógena, afetando os neurotransmissores do sistema nervoso central – SNC. “O excesso desses opioides interfere com o neurotransmissor em nível de sistema simpático, diminuindo a força dos impulsos sensoriais. Os peptídeos ocupam os receptores de animas no cérebro, causa dos distúrbios de origem psíquica, provocando um comportamento autodestrutivo”.
Em sua pesquisa, a estudante ressalta que os portadores do transtorno possuem maior permeabilidade intestinal, devido à absorção de subprodutos tóxicos de proteínas digeridas da caseína e do glúten, que levam ao aumento da concentração de peptídeos opioides circulantes que atuam no SNC, podendo levar ao agravamento da síndrome.
“A exclusão dessas proteínas pode levar a carências nutricionistas, necessitando suplementação. Então, ao aderir uma dieta sem caseína e sem glúten, recomenda-se que faça suplementação de algumas vitaminas e minerais como a vitamina B6, minerais como magnésio e cálcio. Os estudos ainda não determinam o tratamento ideal, no entanto, sabe-se que a terapia nutricional é um dos principais métodos que vem sendo trabalhado e vem obtendo resultados significantes relatados, principalmente em aspectos comportamentais e funções cognitivas”, conclui Jéssyca, que realizou esta pesquisa de revisão sistemática relacionada ao tema em bases de dados científicas dos últimos 37 anos.