A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou relatório prévio, no dia 26 de outubro, sobre estudo realizado em alimentos processados, previsto para ser finalizado em maio de 2016, onde classifica que as carnes processadas tais como salsichas, linguiças, bacon, presuntos e similares, aumentam o risco de câncer.
De acordo com a professora do curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília, Fabiani Beal, essa é uma informação que os profissionais e pesquisadores da área já tinham conhecimento. “Vários estudos têm mostrado que o alto consumo de alimentos processados aumenta o risco de câncer, principalmente os de intestino grosso e reto. Nós, profissionais da área da saúde temos que ter muito cuidado ao tratar dessa questão pois, essa pode ser a principal fonte de proteína de alto valor biológico para algumas populações, principalmente pelo seu baixo custo. Precisamos então alertar a população quanto às alternativas protéicas que possam substituir esse produtos embutidos em qualidade e também com baixo custo. Devemos ter em mente que a freqüência e a quantidade do consumo é o mais prejudicial, já que esses alimentos foram classificados como potencialmente cancerígenos ”.
Segundo a professora, os alimentos processados possuem muitos conservantes, dentre eles, as nitrosaminas. “Em guerras, assim como em quaisquer situações de privação alimentar verifica-se principalmente a carência de alimentos perecíveis e frescos, com isso, a população em questão pode sofrer deficiências nutricionais irreversíveis. Assim, essa foi uma das estratégias da indústria alimentícia que trouxe grande benefício no aspecto nutricional quanto à oferta de alimentos, antes impossíveis de serem consumidos in natura, tais como as proteínas de alto valor biológico. Foi assim que algumas técnicas como a salga, a defumação e a criação dos embutidos foram reforçadas e estimuladas na indústria de alimentos. Com isso, muitas das técnicas empregadas aumentam a exposição dos comensais à substâncias potencialmente cancerígenas. ”, explica.
Alerta
Além da quantidade, a especialista também alerta sobre o consumo por pessoas que já tem o diagnóstico de câncer ou histórico familiar. “A incidência de alguns tipos de câncer vem aumentando com o decorrer dos anos e os fatores ambientais parecem ter íntima relação com esse aumento. Mas será que tem aumentado porque, com o avanço da medicina, os casos têm sido mais diagnosticados ou será que aumentaram porque estamos, dentre outras coisas, consumindo mais alimentos processados? Isso é uma questão ampla e que tem sido alvo de estudos e debates no âmbito da segurança alimentar e nutricional. O que devemos pensar é que o importante é ter uma alimentação saudável e variada pois, somente assim, poderemos minimizar os efeitos do estresse oxidativo a que somos submetidos diariamente por diversos fatores, incluindo pelos alimentos processados”.
Recomendação
A nutricionista recomenda que ao optar por alimentos processados as pessoas devem procurar espaçar essa ingestão e consumi-los com muita moderação, não fazendo uso de embutidos diariamente e sempre tentando optar por alimentos in natura e mais saudáveis.
A educação alimentar pode ajudar a prevenir diferentes tipos de cânceres, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, entre outras doenças. A professora ainda destaca a importância de uma dieta saudável e equilibrada, utilizando preparos leves, com alimentos ricos em antioxidantes, como frutas e alimentos funcionais, pois ajudam na defesa do organismo contra substâncias ruins, como por exemplo, as nitrosaminas.
“É de extrema importância o consumo de frutas, verduras cruas, legumes e temperos naturais; alimentos que têm potencial antioxidante, porque assim, esses antioxidantes diminuem os riscos e os efeitos maléficos das substâncias encontradas nos produtos processados. A alimentação saudável é uma alimentação variada”, enfatiza.