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A sarcopenia (do grego, sax = carne e penia=perda) foi definida pela primeira vez por Rosemberg em 1989 como a perda de massa muscular relacionada à idade. Desde então muitos estudos e consensos têm sido propostos para elaborar uma definição operacional para essa importante síndrome geriátrica que afeta negativamente a qualidade de vida de idosos; outras variáveis foram então incorporadas à massa muscular na definição da sarcopenia.
Atualmente o Consenso Europeu do European Work Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) realizado em 2010 que reuniu pesquisadores de todo mundo tem sido referência para muitos estudos, este consenso sugere que a sarcopenia é a perda de massa muscular (quantidade de tecido muscular no corpo) associada a força (tensão que o musculo é capaz de gerar em um determinado movimento, por exemplo num aperto de mão) e/ou performance física (capacidade de produzir movimento, por exemplo a velocidade numa caminhada). Portanto, destaca-se que o diagnóstico da sarcopenia não está necessariamente atrelado à perda de peso corporal total, uma vez que é relativamente comum entre os indivíduos idosos, a substituição de massa magra (músculo) por outros tecidos, como tecido adiposo (gordura), sem apresentar reflexo no peso corporal total.
A prevalência de sarcopenia na população geral de idosos é de 15%. As taxas são fortemente associadas à idade, chegando a 46% entre os indivíduos ≥ 80 anos.
As causas da sarcopenia são multifatoriais, podendo estar relacionada à obesidade, alterações hormonais, diminuição da atividade física, doenças crônicas como o diabetes, infiltração gordurosa nos músculos, má nutrição e ativação da via inflamatória. Esse processo inflamatório crônico em nível celular observado no envelhecimento, estaria envolvido na perda muscular progressiva e generalizada (em todas as partes do corpo). Algumas substâncias envolvidas nesse processo inflamatório são mensuradas a partir do plasma sanguíneo. Muitos pesquisadores ao redor do mundo, sobretudo na Europa, Ásia e Estados Unidos tem se dedicado a desvendar as causas das sarcopenia.
Neste sentido, a Universidade Católica de Brasília, com o objetivo de conhecer o perfil funcional dos idosos longevos (acima de 80 anos) do DF, propõe este estudo para investigar a relação de marcadores inflamatórios específicos com essa síndrome geriátrica que representa uma das causas mais importantes de declínio funcional e perda de independência em idosos, resultando em quedas, institucionalização precoce e morte. O estudo foi realizado com aproximadamente 200 idosos com idade igual ou superior a 80 anos entre 2016 e 2018. Eles passaram por uma avaliação geriátrica ampla, testes específicos validados para esta população para rastreio de declínio cognitivo, depressão, autopercepção de saúde, qualidade do sono, saúde bucal, religiosidade, densitometria óssea, avaliação da força por meio de um dinamômetro de preensão palmar, teste da velocidade de marcha e coleta sanguínea para análise dos marcadores inflamatórios.
O estudo encontra-se em fase de análise, desenvolvido pela mestranda Aline Afonso Santos e sob a orientação da Prof.ª. Dra. Karla Helena Coelho Vilaça. Acredita-se que a identificação de um marcador biológico plasmático capaz de detectar a sarcopenia pode auxiliar na elaboração de estratégias de prevenção e tratamento desta devastadora síndrome geriátrica, que expõe os indivíduos acometidos à eventos negativos relacionados à saúde, incluindo quedas, hospitalização, piora de incapacidades, institucionalização e morte. Dessa forma, a identificação de idosos com maior vulnerabilidade a desfechos adversos é urgente para que ações de prevenção e tratamento obtenham sucesso nos estados de incapacidade e dependência.