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Com o tema “Transdisciplinaridade e Criatividade”, teve início na manhã desta quarta-feira, 21 de novembro, no auditório do Câmpus II (Asa Norte), da Universidade Católica de Brasília (UCB), o I Congresso Transdisciplinar para a Educação do Futuro. O evento reúne pensadores de várias áreas para dialogar em torno das seguintes perguntas: o que esperamos para o futuro e qual o papel da educação nas transformações sociais e culturais que almejamos? O que queremos para uma educação pensada não apenas para atender a contingências imediatistas, mas para atender às necessidades da humanidade, do mundo e da vida tal como a queremos para daqui a 20, 50, 100 anos?
“Para esta primeira edição do evento, propomos dois eixos norteadores para as nossas reflexões: as emoções e a alteridade”, frisou a prof.ª Dr.ª Florence Dravet, coordenadora do Mestrado Profissional em Inovação em Comunicação e Economia Criativa, da UCB, e uma das organizadoras do Congresso.
Além da professora Florence Dravet, participaram da mesa de abertura o coordenador-geral de Educação Ambiental e Temas Transversais da Educação Básica do Ministério da Educação, Leonardo Lapa Pedreiras; o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (UnB); prof. Dr. João Curvello; a diretora da Escola de Educação, Tecnologia e Comunicação, prof.ª M.ª Anelise Pereira Sihler; o pró-reitor Acadêmico da UCB, Prof. Dr. Daniel Rey de Carvalho e o Magnífico Reitor da UCB, Prof. Dr. Ir. Jardelino Menegat.
Segundo a professora Dravet, a ideia do evento é pensar o futuro e a utopia em tempos distópicos. “Precisamos preservar e cuidar da educação. Desde o início da preparação desse evento, pensamos em debater a educação, a universidade, os projetos de futuro que temos. Os sonhos coletivos e as utopias são essenciais para esses tempos de crise, afinal, o sonho, a imagem e o imaginário não são fugas da realidade, mas modos de retornar a ela. Maneira e metodologia de crítica social aos projetos instituídos. Celebramos também, os 50 anos de 1968 (grande onda de protestos que teve início com manifestações estudantis na França para pedir reformas no setor educacional), e nós insistimos na importância de evocar essa memória. Fizemos este evento porque continuamos a acreditar na educação, na imagem e na poesia”, destacou.
O Magnífico Reitor da UCB, Prof. Dr. Ir. Jardelino Menegat, destacou que “reunir pensadores, pesquisadores, professores para pensar uma temática como o tema do próprio congresso, é pensar que a vida não é feita de caixinhas, não é compartimentalizada, tampouco o conhecimento é compartimentalizado. A vida é muito mais ampla. Quando nós formamos ou quando entregamos um estudante para a sociedade, como profissional, ele não levará somente o seu conhecimento, mas tentamos formar cidadãos com ética, princípios e valores, porque é isto que a sociedade de hoje necessita. Então, quando temos pessoas de destaque na sociedade, no campo do conhecimento, para responder uma pergunta que o próprio congresso fez: o que esperamos para o futuro e qual a educação nas transformações sociais e culturais que almejamos? Essa pergunta é interessante, desafiadora, e espero que no decorrer do congresso possam encontrar algumas respostas. Somente com muita pesquisa, com muitos estudos conseguiremos evoluir a nossa sociedade”.
Para o pró-reitor Acadêmico da UCB, Prof. Dr. Daniel Rey de Carvalho, o tema do congresso é muito pertinente e suscita grandes discussões. “No que diz respeito à Universidade Católica, tomamos algumas decisões importantes quanto a esses primeiros passos para a educação do futuro. Em 2015, nós decidimos adotar um modelo de gestão por Escolas e acreditamos que esse modelo proposto permite três coisas fundamentais na educação moderna: a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na prática, algo que é muito difícil de se conseguir; integração entre graduação e pós-graduação, um alinhamento entre Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Iniciação Científica, Dissertações e Teses; confluências de áreas de conhecimento em uma mesma Escola”, disse.
“Estamos revendo o nosso plano estratégico e para pautar toda essa revisão nos baseamos em documentos mundiais (Organização das Nações Unidas, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) que apontam para 2030 como sendo uma data comum. Estamos trabalhando para formar cidadãos globais, com capacidades de ver o mundo na sua diversidade plena. A adoção desses documentos está nos dando um norte para tomarmos as nossas decisões. Além disso, aprovamos documentos internos cujos os eixos estruturantes da Instituição nortearão os nossos investimentos nas áreas: vida, humanidades, cidadania e economia criativa, ou seja, são temas transversais que determinarão por onde nós caminharemos, nas quatro Escolas que temos hoje dentro da Universidade Católica de Brasília”, destacou o professor Daniel Rey.
O representante do Ministério da Educação (MEC), Leonardo Pedreiras, falou sobre os avanços da educação e o debate sobre a reforma do ensino médio. “Até o final do ano esperamos que pelo menos 15 estados tenham seus currículos do Ensino Médio totalmente reformados, com base na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), e, até o final do próximo ano, esperamos que os currículos de Ensino Básico estejam todos atualizados. Isso significa que temos uma grande abertura, porque na reforma, novas ideias criam raízes muito mais fáceis. Se estamos pensando em uma mudança estruturada do nosso ensino, significa que temos uma oportunidade de tentar colocar os temas e a transversalidade como sendo um dos princípios dessa mudança”, frisou Pedreiras.
A diretora da Escola de Educação, Tecnologia e Comunicação, professora Anelise Pereira Sihler, destacou a transdisciplinaridade como chave para a educação do futuro. “Falar de um processo que não apenas dá o primeiro passo, mas que abre caminhos para a educação do futuro é algo de grande importância neste momento em que vivemos atualmente. Trazer pessoas que, não apenas são pensadores e construtores da educação, mas que alteram os paradigmas da nossa sociedade é algo de grande importância que o I Congresso Transdisciplinar para a Educação do Futuro poderia nos proporcionar”, destacou.
A palestra inaugural foi “Transdisciplinaridade na Educação do Futuro”, feita pelo professor da Les Écoles Supérieures du Professorat et de l`Éducation (ESPE), Sorbone (França), Dr. Florent Pasquier.
Sobre o Congresso
O I Congresso tem o caráter transdisciplinar, que necessita do olhar cruzado de pesquisadores de vários horizontes de formação e especialização (Medicina, Psiquiatria, Psicologia, Educação, Ciências Sociais, Comunicação, Filosofia, Linguística, Biologia, Literatura, Artes etc.) cujas reflexões atravessam a fragmentação disciplinar e convergem em algumas grandes questões fundamentais para se pensar a educação do futuro. Vinte anos depois da redação, por Edgar Morin, dos Sete Saberes para a Educação do Futuro, a pedido da Unesco, em que este apontou para a ética, a compreensão, a incerteza, a identidade terrena, a condição humana, o conhecimento pertinente e as cegueiras do conhecimento como sete saberes fundamentais e transversais para a educação do futuro, os organizadores do Congresso convidam os pesquisadores a avaliarem em que medida se avança na direção apontada ou se há um recuo.
Com esses objetivos, três instituições se reúnem na idealização, promoção e organização desse projeto: a Universidade Católica de Brasília, cujo Programa de Pós-Graduação em Educação visa atender à nova realidade posta pelas mudanças sociais e econômicas que o país atravessa, idealiza um espaço de reflexão aberto, abrangente e compreensível e se junta com o Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade de Brasília para iniciar esse diálogo e dar ao evento a dimensão que ele necessita, refletindo a realidade universitária brasiliense. Por sua vez, o CIRET, Centro Internacional de Pesquisas e Estudos Transdisciplinares, cujas Carta da Transdisciplinaridade expressa preocupações e premissas semelhantes, entre as quais a necessidade de se criar um espaço privilegiado de encontro e de diálogo entre especialistas das diferentes ciências e os de outros domínios de atividade, particularmente, os especialistas da Educação, com pesquisadores em 36 países, se torna parceiro dessa iniciativa, a fim de garantir a realização de um evento de proporções brasilienses, brasileiras e internacionais, mas também e sobretudo, transdisciplinares.
Confira aqui e veja a programação completa do I Congresso Transdisciplinar para a Educação do Futuro.