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Considerado o maior evento mundial sobre água, o 8º Fórum Mundial da Água aconteceu entre os dias 18 a 23 de março, em Brasília. O evento reuniu representantes de vários países para promover a conscientização, construir compromissos políticos e provocar ações em temas críticos relacionados à água, para facilitar a sua conservação, proteção, desenvolvimento, planejamento, gestão e uso eficiente, em todas as dimensões, com base na sustentabilidade ambiental, para o benefício de toda a vida na terra.
O professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) e desembargador federal Antônio Souza Prudente, participou do Fórum na mesa de Conferência de Juízes e Promotores, que ocorreu durante todos os dias do evento, para que juízes, promotores, diplomatas, cientistas, educadores e outros líderes pudessem debater os desafios atuais e soluções jurídicas inovadoras para os problemas que envolvem a água e o seu uso.
Durante o evento foi aprovada a Carta de Brasília, documento feito por juízes brasileiros e de outros países que apresentaram 10 diretrizes para auxiliar magistrados de todo o mundo a fundamentar decisões para garantir que toda a população tenha acesso à água. Os estudos da carta foram coordenados pelo ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao longo de 6 meses e recebeu a participação de representantes da África do Sul, México, Paraguai, Equador, Vietnã, Guatemala e República Dominicana.
Para o professor, o documento cristaliza a manifestação dos juízes sobre o direito humano fundamental à água. “A Carta de Brasília tem um significado histórico muito importante. Ela consagra os princípios dirigentes das convenções internacionais e irá auxiliar os magistrados e estudantes já que é um instrumento que traduz um dever constitucional”, afirma. O Fórum de Brasília foi o primeiro a ter uma convenção exclusiva de juízes e promotores de diferentes países para debater à água.
Projetos da UCB
A Universidade Católica de Brasília também esteve presente no evento com alguns projetos. O Museu Itinerante de História Natural da UCB, em parceria com o Zoológico, o Jardim Botânico e o Batalhão de Polícia Militar Ambiental, se tornou o Museu do Cerrado, e esteve presente no espaço Criança Candanga, dentro da Vila Cidadã.
A professora do curso de Ciências Biológicas e coordenadora dos estudantes da Universidade que estão atuando no Museu do Cerrado falou sobre a importância de se preservar o Cerrado. “O Cerrado abriga fauna e flora únicas, que representam 30% da biodiversidade brasileira e 5% da biodiversidade mundial. É no Cerrado que se encontram os grandiosos aquíferos Guarani, Urucuia e Bambuí, além das nascentes que alimentam cerca de dois terços das principais bacias hidrográficas do Brasil”.
A professora Morgana Bruno fez ainda um paralelo entre o desmatamento e crise hídrica que vivemos atualmente. “Infelizmente, nada nesse planeta ocorre de forma isolada, e assim, não conseguimos dissociar o Cerrado e suas peculiares fitofisionomias, das questões relacionadas à gestão da água, afinal, é aqui onde se concentram as atividades de agricultura e pecuária, responsáveis pelo gasto de, aproximadamente, 68% do volume de água retirado dos mananciais e pela conversão das áreas de vegetação nativa, onde ocorre a captação de água da chuva pelo lençol freático. Outro ponto a ser considerado é a destruição das nascentes, muitas vezes causada pela ocupação urbana desordenada. Todos os fatos citados anteriormente, interferem no ciclo hidrológico e provocam alterações climáticas em escala local e/ou regional, comprometendo a própria vegetação e os serviços ambientais do ecossistema, os quais tornam possível, além das belas paisagens, a vida humana”, ressaltou.
Novas técnicas e mais informações
A ciência apresentou grande avanço na criação de técnicas para a extração de recursos e o uso e ocupação do solo, menos impactante e mais sustentável. “Contudo, a população ainda necessita de mais informações para que possa, por meio de suas opções de consumo e voto, guiar o mercado e os nossos legisladores para que ajam de acordo com essa nova demanda nacional”, explicou a professora Morgana Bruno.
Fauna e Flora
Segundo o agente de Educação e Lazer do Zoológico de Brasília, Vinícius Macedo, o Museu do Cerrado “tem como finalidade mostrar a importância dos animais, da preservação da vegetação, dos micro-organismos e insetos, que fazem parte do Cerrado, para o equilíbrio ecológico e para a preservação da água na nossa região”.
“Falamos muito no Museu do Cerrado sobre os animais como seres que estão diretamente ligados à produção da água, já que eles são os dispersores de sementes para a renovação da vegetação e, todo esse processo interligado, desde a conservação das maiores espécies até a importância dos micro-organismos como bioindicadores de qualidade da água”, destacou Vinícius.