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Sabemos que a água é um recurso essencial para a sobrevivência de todos os seres vivos. Ela atua mantendo o pleno funcionamento do nosso corpo, ajuda no transporte de substâncias, funciona como solvente, regula a nossa temperatura, participa de reações químicas, entre várias outras funções biológicas.
Pensando nesse bem tão importante para a nossa vida, a Organização das Nações Unidas (ONU) determinou, em 1993, que o dia 22 de março se comemore o Dia Mundial da Água. A intenção é fazer com que as pessoas discutam os problemas relacionados ao abastecimento de água potável que é um bem finito, promover a conscientização da sociedade sobre a importância de conservação, preservação e proteção de mananciais e reservas, fontes e suprimentos de água potável e aumentar a participação dos governos, das agências internacionais, das organizações não-governamentais e do setor privado nas ações de preservação.
O tema de 2018 será “A natureza pela água”, um chamado em prol de soluções para questões hídricas baseadas na natureza.
Segundo o coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, prof. Dr. Marcelo Resende, o processo de conscientização é um dos primeiros passos, e fundamental, para se preservar esse recurso natural. “A consciência em torno de da preservação da água já deveria ter sido iniciado desde sempre. Hoje, devemos iniciar com as crianças no ciclo básico de ensino, já aprendendo a importância de se preservar esse bem que é finito”.
Com relação à disponibilidade hídrica, o professor Marcelo lembra que o nosso planeta é formado por 2/3 de água, mas a maior parte dela não é própria para o consumo humano. Apesar de o nosso planeta ser repleto desse bem, estima-se que apenas 0,77% esteja disponível para o consumo humano em lagos, rios e reservatórios subterrâneos. Vale destacar, no entanto, que essa quantidade não está distribuída igualmente por todo o território, consequentemente, existem locais onde esse recurso é considerado bastante valioso.
O professor Marcelo falou ainda sobre os altos custos de tratamento da água doce disponível. “Temos tecnologia de dessalinização (processos químicos da retirada de excesso de sal e outros minerais da água, especialmente do mar), mas é muito cara. Já a água doce, a maior parte dela é subterrânea. Por questões de valores, temos utilizado as águas superficiais doce com processo de tratamento. E é esta água superficial que está acabando de forma acelerada”, alertou.
Brasil
O Brasil é o país do mundo que possui maior quantidade de água doce, com 12% do total existente no planeta. Esse bem varia de região para região, concentrando a maior parte na região Norte e a menor na região Nordeste.
“A Bacia Hidrográfica do Amazonas, na região Norte, possui a maior quantidade de rios e a maior concentração de águas subterrâneas, ao lado de áreas com problemas muito sérios, como no Nordeste”, disse o professor Marcelo.
Distrito Federal
Para a população do Distrito Federal, o ano de 2017 foi ano em que o termo “economia de água” deixou de ser uma orientação para se transformar em uma prática diária. Os níveis dos reservatórios chegaram a índices preocupantes, abaixo dos 15% da capacidade.
“O caso do Distrito Federal é interessante. Está inserido em uma área de alto de Bacia e na formação de rios. Não tem grande fluxo de rios, associado a isso, um consumo desregrado, descontrolado de água, ocupação desordenada dos espaços urbanos, aterramento de nascentes e contaminação da água disponível. Todos esses fatores contribuem para um processo inevitável de racionamento”, destacou o professor Marcelo.
Dia Mundial da Água
O Dia Mundial da Água foi instituído pela ONU, através da resolução A/RES/47/193 de 21 de fevereiro de 1993, determinando que o dia 22 de março seria a data oficial para comemorar e realizar atividades de reflexão sobre o significado da água para a vida na Terra.
Aumento no consumo
Mais 1,8 bilhão de pessoas consomem água de fontes que não são protegidas contra a contaminação. 80% das águas residuais geradas por atividades do homem são despejadas no meio ambiente sem ser tratadas. Até o ano de 2050, a população global terá aumentado em 2 bilhões de indivíduos, e a demanda por água poderá crescer até 30% (dados da ONU).
A agricultura é responsável por 70% do consumo de recursos hídricos — a maior parte vai para a irrigação das plantações. A participação do setor agrícola aumenta em áreas com maior densidade populacional e falta d’água. O campo é seguido pela indústria, que responde por 20% da água utilizada em atividades humanas. O uso doméstico representa apenas 10% do consumo total, e a proporção de água potável que é bebida pela população equivale a menos de 1%.
Com as transformações do clima e a manutenção de padrões insustentáveis de produção, a poluição e a desigualdade na distribuição vão se agravar, bem como os desastres associados à gestão da água.
Escassez
Hoje, 1,9 bilhão de indivíduos vivem em áreas que poderão ter escassez severa de água. Aproximadamente 1,8 bilhão de pessoas já são afetadas pela degradação da terra e pelo fenômeno conhecido como desertificação.
* O professor Marcelo Resende é atualmente o coordenador dos cursos: Engenharia Ambiental e Sanitária; Engenharia Civil; Engenharia Elétrica e Energias Renováveis.