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Racionamento é a palavra que os brasilienses incluíram no seu vocabulário e que aos poucos aprendem a lidar e a conviver com ele. Racionar a água e controlar o uso para que o maior número possível de pessoas não fique sem ela. Essa situação de emergência está mexendo com o comportamento do brasiliense e assim como racionar, “armazenar” também virou uma rotina. Uma realidade perigosa para a saúde pública. Os riscos do estoque indevido de água, seja ela potável ou provinda das chuvas, pode acarretar uma série de complicações para a sociedade.
Para Maurício de Oliveira Chaves, doutor em Saúde Pública e professor do curso de Enfermagem da Universidade Católica de Brasília (UCB), nos dias de racionamento, o ideal é que as pessoas usem apenas a água estocada na caixa d’agua, instalada adequadamente. Caso a família necessite de mais água, além da capacidade da caixa, o armazenamento de água potável ou da chuva precisa seguir certos cuidados. “O acondicionamento de forma não responsável dessa água pode causar várias complicações para a população”, alerta o especialista.
Segundo ele, não é recomendado o uso de baldes, vasilhas pequenas, sem tampas ou transparentes, pois há o risco de crianças, por curiosidade, sofrerem algum acidente ou até mesmo afogamento nesses recipientes abertos. Outros riscos são os de tornar esses vasilhames criadouros para o Aedes aegypti, mosquito causador da Dengue, Chikungunya, Zika, Febre Amarela, Febre Mayaro e também a Febre Nyong-Nyong, essas três últimas, atualmente, detectadas em estados fora do DF.
Como a crise hídrica não tem previsão de término, “o importante é fazer uso consciente da água e garantir, com atitudes simples, a saúde da família e da comunidade”, afirma o especialista.
Fique atento às dicas do prof. Maurício Chaves:
• A água mal acondicionada pode ser um meio de proliferação do mosquito Aedes aegypti. Ela deve ser armazenada sempre em recipientes tampados e ser usada em um curto intervalo de tempo para evitar que seja contaminada.
• Os recipientes de armazenamentos de água devem sempre ficar, além de vedados, longe do alcance das crianças. A tampa deve ser segura a ponto de a criança não ter força o suficiente para removê-la e, assim, evitar o risco de acidentes ou afogamentos.
• Deixar o armazenamento de água longe do alcance de animais domésticos, pois eles podem contaminá-la, tornando-a imprópria para o consumo.
• Caso a pessoa queira aproveitar a água da chuva, o ideal é fazer uma inspeção do telhado com a limpeza prévia da calha.
• Quanto mais opaco o recipiente de armazenamento, melhor! Depósitos transparentes recebem incidência de luz e podem gerar a proliferação de algas. Assim, ela deixa de ser potável podendo ser usada apenas para outros fins, que não o consumo.
Professor Maurício Chaves, além de docente da Universidade Católica de Brasília, é enfermeiro atuante na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Atua nas campanhas do GDF contra o mosquito Aedes aegypti, junto à divisão de ações de vigilância epidemiológica da Secretaria. O prof. Maurício venceu o concurso promovido pelo Ministério da Educação, “Pesquisar e Combater para conhecer o Aedes aegypti”, nas etapas local e nacional, de 2016, com o vídeo do projeto “Conhecimento sem ação não acaba com o mosquito, não”, feito com estudantes de enfermagem e colocado em prática nas campanhas em escolas e locais públicos de diferentes Regiões Administrativas do DF.