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2020
mar
23
Novo Coronavírus

Porquê idosos são mais vulneráveis ao coronavírus?

Entenda porque os idosos são o grupo de risco número um em relação a pandemia do coronavírus

Vivemos uma pandemia do novo coronavírus, batizado de SARS-Cov-2, que não poupa ninguém. Diante dos avanços no número de casos aqui no Brasil, e da primeira morte confirmada de um homem de 62 anos com diabetes e hipertensão, convém esclarecer alguns pontos, sobretudo para o público de maior risco, os idosos e conscientizar os mais jovens da importância do isolamento social para conter a contaminação.

A infecção por coronavírus se comporta de modo parecido a uma gripe comum (que é causada por outro vírus, o influenza), mas sua disseminação se mostra mais rápida e, especialmente na população acima dos 60 anos e/ou portadora de problemas crônicos, se manifesta mais gravemente.

Uma série de fatores colabora para que os idosos sejam mais afetados que o restante da população em geral:

  • O sistema imunológico dos idosos costuma ser deficiente por causa da idade;
  • Mesmo as vacinas tomadas na juventude já não são tão eficazes, portanto há menos anticorpos no organismo;
  • Os pulmões e mucosas tornam-se mais frágeis e vulneráveis a doenças virais;
  • O idoso costuma engasgar e aspirar mais, inclusive levando mais a mão à boca, aumentando o risco de contágio;
  • Ele também vai a hospitais com mais frequência, ficando mais exposto a micro-organismos.

 

O Ministério da Saúde adverte que há transmissão comunitária por todo o Brasil, o que significa que o vírus está circulando pela sociedade (não vem mais só de fora do país). Em uma nação continental como a nossa, cidades e estados podem vivenciar as fases da epidemia em tempos diferentes.

O período de incubação do vírus, tempo entre o dia de contato com uma pessoa doente e o início dos sintomas, é de cerca de cinco dias, apesar de, em casos mais raros, chegar a 14. É nessa fase que o vírus tende a ser transmitido de forma silenciosa. Estima-se que entre 80 e 85% dos casos são leves e não necessitam ser hospitalizados. No entanto, 15% precisam ser internados, a maioria idosos.

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia orienta que pessoas com mais de 60 anos, sobretudo se tiverem diabetes, hipertensão ou problemas respiratórios, cardiológicos, renais ou neurológicos, além de indivíduos em tratamento de câncer ou que estejam com a imunidade comprometida, bem como todos aqueles com mais de 80 anos ou que tenham sinais de fragilidade, restrinjam o contato social.

Em outras palavras, devem evitar aglomerações, festas, eventos públicos e viagens, assim como contato com pessoas que viajaram nos últimos dias ou tenham sintomas suspeitos.

As medidas mais eficientes para prevenir a infecção pelo coronavírus são:

  • Higienizar com frequência as mãos usando água e sabão ou álcool em gel (70%)
  • Evitar tocar os olhos, o nariz e a boca
  • Evitar apertos de mão, abraços e beijos quando cumprimentar as pessoas
  • Se espirrar ou tossir, cobrir o nariz e a boca com o cotovelo flexionado ou lenço descartável, que deve ser jogado fora em seguida

PARA IDOSO

  • Estar com as vacinas em dia
  • Controlar possíveis casos de diabetes e de outras enfermidades (como doenças cardíacas, por exemplo)
  • Manter-se fisicamente ativo
  • Reduzir, apenas quando possível, as idas a hospitais, para evitar contágio

 

Caso um idoso tenha sintomas suspeitos, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia aconselha a não correr para um pronto-socorro. “No cenário ideal, o atendimento deve ser feito em domicílio, o que evita a exposição nos serviços de saúde. Encorajamos o indivíduo a procurar atendimento médico caso tenha febre, tosse, falta de ar, cansaço excessivo e/ou confusão mental”, declarou o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

No caso de idosos que convivem com cuidadores, se esses profissionais apresentarem sintomas de gripe, devem passar a evitar na mesma hora o contato com seus pacientes. Da mesma forma, pessoas que vivem em instituições de longa permanência, por apresentarem muitas vezes alto risco de complicações, devem ser cercadas de cuidados e cautela. A redução nas visitas e atividades em grupo e a adoção de medidas intensivas de higiene são algumas das recomendações básicas.

O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Carlos André Uehara afirmou recentemente, em entrevista, que nenhum sistema no mundo está preparado para um pico de demanda que é imaginado no caso de avanço da Covid-19. “Ninguém consegue ter uma estrutura dessa forma. Se o pico no Brasil for semelhante ao da Itália, a gente vai chegar a um caos. Porque não é um problema do Brasil, é um problema de desenho de sistema”, disse.

O médico ressaltou a urgência de se tomar medidas de restrição, recomendando o máximo isolamento social possível. Segundo Uehara, os jovens são os grandes “carregadores” do vírus, porque não apresentam sintomas, a mortalidade na faixa etária é baixa e eles acabam se sentindo seguros.

“Entretanto, é preciso ter prudência ao descontinuar atendimentos considerados fundamentais aos idosos, como a assistência fisioterapêutica, médica ou nutricional”, relata a prof.ª Dr.ª Karla Helena Coelho Vilaça e Silva, coordenadora interina do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, pois a suspensão completa dessas atividades pode gerar complicações clínicas, funcionais e hospitalização em idosos que já apresentam fragilidade grave ou quadros complexos. Sendo assim, completa a professora, “é preciso avaliar individualmente cada caso e discutir com a família as melhores estratégias para esse momento”, destacou.

A professora da UCB lembra ainda que os profissionais precisam pensar em alternativas versáteis neste momento. “Como exemplo podemos citar a utilização de aplicativos para dispositivos móveis, cartilhas com orientações e exercícios, vídeos ou até mesmo atendimentos à distância para diminuir o impacto da cessação dos atendimentos”, frisou.

Esse é um momento de esforços individuais e coletivos para conter a epidemia de coronavírus. Todo mundo tem de fazer sua parte e lembrar que há pessoas que, infelizmente, correm maior risco com esse novo perigo.

Publicado por Universidade Católica de Brasília
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